Faremos Sacis Urbanos daqui pra frente

As pessoas me perguntam se sou mesmo um Saci Urbano, até pela coincidência de usar uma boina de cor vermelha. E eu digo que posso ser sim um “saci-urbano”. Então logo elas me provocam –  mas você está com suas duas pernas e o saci, só tem uma!?

 

Aí eu respondo o seguinte:

 

 O Saci Urbano pode ser o cara que vai representar o negro e/ou pobre brasileiro que, além das suas dificuldades, consegue se virar quase sempre com suas duas pernas. Mas quando o Saci Urbano consegue fazer suas estripulias com uma perna só, sem o auxilio de muletas ou coisa parecida, ele será o exemplo do brasileiro excluído de seus direitos institucionais, enquanto “povo-parido-de-sua-pátria”; o mesmo pai de família que sustenta sua morada e seus cinco filhos com um financeiro que não ultrapassa os 80% de um salário mínimo por mês.

 

Este sim, é um pobre brasileiro, porém, é bem provável que em muitos momentos de sua vida, ele se fará sorrindo e se divertindo com sua maneira ignorante-passiva de ser, como qualquer outro cidadão “popularesco” de uma periferia construída pela elite branca, desde sempre, dominadora. E será justo naqueles momentos em que, talvez, você (indivíduo de classe média) se encontrará deprimido(a) por algum motivo fútil, mesmo com seus 4  salários mínimos por mês, ou daí pra mais, se entorpecendo com drogas químicas ilícitas, para conter o seu tédio de cidadão nobre, duma sociedade doente – até então, sem expectativa de cura.

 

O Sasçu é um cara esperto, ele aproveita bem o espaço.  Ou seja, não me precisa faltar uma perna, ou um braço para eu mostrar que mesmo parecendo impossível eu seja capaz de realizar [sonhos] com sucesso. Acho que isso vale como inspiração para todos nós, que estamos cada vez mais acomodados com o que nos dão – as sobras.

 

Nos faremos “sacis-urbanos” quando deixarmos para trás essa aceitação passiva da opressão hipodérmica do sistema explorador e excludente, no qual somos subordinados  a tal humilhação para garantir o sustento de amanhã. Ao invés de apenas reclamarmos, vamos a luta e fazer-acontecer alguma coisa de bom senso. Não custa muito, comecemos com um “bom dia” para nós mesmo, e depois, repassemos para o sujeito alheio, sem a intenção de cobrar qualquer retribuição pelo agrado solidário.

 

Saci 26